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    Caninos brancos

    Por Jack London
    Existem 15 citações disponíveis para Caninos brancos

    Sobre

    Um grande clássico, registro magistral da vida selvagem e da convivência, quase nunca pacífica, entre homens e animais em ambientes extremos.


    Caninos Brancos é um lobo nascido no território de Yukon, no norte congelado do Canadá, durante a corrida do ouro que atraiu milhares de garimpeiros para a região. Capturado antes de completar um ano de idade, é usado como puxador de trenó e obrigado a lutar pela sobrevivência em uma matilha hostil. Mais tarde repassado a um dono inescrupuloso, é transformado em cão de rinha e, mesmo depois de resgatado desse universo de violência, ainda precisa de um último ato de heroísmo para conseguir sua redenção e finalmente encontrar seu lugar no mundo.

    Percorrendo o caminho inverso ao do traçado em O chamado selvagem (1903), em que um cão domesticado é obrigado a se adaptar à vida na natureza, em Caninos Brancos (1906) Jack London narra a história de um animal que precisa suprimir seus instintos para sobreviver na civilização. Grande sucesso de público desde o lançamento, já foi traduzido para mais de oitenta idiomas e adaptado diversas vezes para o cinema, os quadrinhos e a TV.

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    Citações de Caninos brancos

    Era a sabedoria dominadora e incomunicável da eternidade rindo da futilidade da vida e dos esforços da vida. Era a Floresta, a selvagem Floresta Boreal de coração gelado.

    Não é da natureza da Floresta gostar de movimento. A vida é uma ofensa para ela, pois a vida é movimento; e a Floresta sempre aspira a destruir o movimento.

    a vida como um apetite voraz, e o mundo como um lugar onde se encontrava uma multidão de apetites, perseguindo e sendo perseguidos, caçando e sendo caçados, comendo e sendo comidos, tudo em meio a cegueira e confusão, com violência e desordem, um caos de gula e matança, regido pelo acaso, impiedoso, sem desígnios, interminável.

    A argila de Caninos Brancos fora moldada até ele tornar-se o que era, soturno e solitário, sem afetos e feroz, o inimigo de toda a sua espécie.

    O corpo o fascinava, e de repente ele apreciou muito essa sua carne sutil que funcionava de maneira tão bela, regular e delicada.

    o homem, que é o ser mais inquieto da vida, sempre em revolta contra a sentença de que todo movimento deve por fim chegar à cessação

    Ela veio colocar-se ao seu lado, como se fosse o lugar a ela designado, e assumiu o passo do bando. Ele não lhe rosnava, nem lhe mostrava os dentes quando algum pulo da loba a colocava por acaso à sua frente. Pelo contrário, ele parecia bondoso com ela – bondoso demais para o gosto da loba, pois estava sempre querendo correr para o seu lado e, quando se aproximava demais, era ela quem rosnava e lhe mostrava os dentes.

    se deixava ficar para trás, cautelosa e lentamente, e tentava se esgueirar entre o velho líder e a loba. Esse lance provocava uma dupla, até tripla, indignação. Quando ela rosnava o seu desprazer, o velho líder arremetia sobre o lobo de três anos. Às vezes, ela se lançava sobre ele. E, às vezes, o jovem líder à esquerda também atacava.

    Assim como acontecia com o companheiro à esquerda, ela repelia essas atenções com os dentes; mas quando os dois a cortejavam ao mesmo tempo, ela era rudemente empurrada, sendo compelida a afastar os dois enamorados com mordidas rápidas para cada lado e, ao mesmo tempo, manter a dianteira do bando e examinar o caminho que pisava à sua frente. Nessas horas, seus companheiros de corrida mostravam os dentes e rosnavam ameaçadoramente um para o outro. Poderiam ter lutado, mas até o namoro e a rivalidade vinham depois da fome mais premente do bando.

    Nem achava indigno de sua parte retalhar o ombro do companheiro de vez em quando. Nessas horas, ele não demonstrava medo. Pulava simplesmente para o lado e corria teso para a frente dando vários pulos desajeitados, lembrando pela postura e conduta um namorado envergonhado. Esse era o seu único problema na condução do bando, mas ela tinha outras dificuldades.

    Se houvesse alimentos, o namoro e a luta teriam se desenrolado depressa, e a formação do bando teria se desfeito. Mas a situação do bando era desesperadora.

    Essa confusão na frente do bando em movimento sempre causava confusão na retaguarda. Os lobos atrás colidiam com o jovem lobo e expressavam o seu descontentamento dando pequenas mordidas nas suas patas traseiras e flancos. Ele estava criando encrenca para si mesmo, pois a falta de alimento e o pavio curto andam juntos, mas com a fé ilimitada da juventude persistia em repetir a manobra de vez em quando, embora nada conseguisse senão frustração.

    A batalha começou justa, mas não terminou justa. Não havia como dizer qual teria sido o resultado, pois o terceiro lobo aliou-se ao velho e, juntos, o velho líder e o jovem líder atacaram o ambicioso de três anos e passaram a destruí-lo. O jovem foi atacado nos dois lados pelas presas impiedosas de seus outrora camaradas. Esquecidos os dias em que tinham caçado juntos, a caça que tinham abatido e a fome que tinham sofrido. Isso era coisa do passado. O amor estava próximo – um assunto sempre mais duro e cruel do que conseguir comida.

    Os lobos estavam agora na região da caça e, embora ainda caçassem em bando, caçavam com mais cautela, apartando fêmeas pesadas ou velhos machos mutilados dentre os pequenos rebanhos de alce que encontravam por acaso.

    O mundo estava cheio de surpresas. O movimento da vida que havia no seu interior, a ação de seus músculos, era uma felicidade inesgotável. Caçar carne era experimentar emoções e alegria. As suas fúrias e batalhas eram prazeres. O próprio terror, o mistério do desconhecido, contribuía para a vida. E havia alívios e satisfações. Estar de estômago cheio, cochilar preguiçosamente ao sol – essas coisas compensavam plenamente os seus ardores e labutas, enquanto os seus ardores e labutas se compensavam a si próprios. Eram expressões da vida, e a vida sempre é feliz quando se expressa. Assim o filhote não brigava com o seu ambiente hostil. Estava muito vivo, muito feliz e muito orgulhoso de si mesmo.

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