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    Correr

    Por Drauzio Varella
    Existem 9 citações disponíveis para Correr

    Sobre

    Drauzio Varella é oncologista, autor de best-sellers, voluntário numa prisão, pesquisador do uso medicinal de espécies amazônicas e ainda celebridade na TV. Mas consegue há mais de vinte anos conciliar esse atribulado dia a dia com a prática regular de exercício físico. Para ele, correr não é só um hobby: é o que lhe dá o equilíbrio para enfrentar os desafios da vida. Em seu novo livro, Drauzio conta como e por que decidiu espantar o sedentarismo; relata o desafio da primeira maratona; nos dá um panorama da história das corridas desde sua suposta origem na Grécia antiga; oferece informações médicas sobre a prática; e, de quebra, nos leva de ?carona? num passeio sensível pela alma humana. Leitura indispensável para corredores e futuros corredores.
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    Definido como

    Citações de Correr

    “Doeu, diminua a velocidade. Se a dor não passar, pare imediatamente”.

    As maratonas atraem indivíduos obstinados que encontram graça em criar desafios. É lógico que o preparo físico adquirido, os benefícios à saúde, a admiração que causa no imaginário alheio a capacidade de correr tanto, servem de estímulo, mas constituem motivações secundárias. Acima de tudo está o desejo de demonstrarmos a nós mesmos que temos força de vontade, disciplina e destemor para enfrentar o desânimo e as dores que surgirão no percurso até a linha de chegada, aprendizado que nos tornará mais resistentes às intempéries impostas pelo destino.

    Meu senso de desorientação é tão dominante que cometo erros de 180 graus. Se, ao sair de um quarto de hotel, acho que o elevador está à direita, não titubeio: vou para a esquerda; quase sempre dá certo.

    O contato permanente com a morte e com os doentes que lutam para evitá-la me ensinou a levar em conta o prazer de estar vivo, privilégio que tento manter presente em meu imaginário o tempo todo, especialmente nos momentos de adversidade. Não sou obra de um ser onipotente que controla o universo, mas do encontro casual e aleatório de determinado óvulo com o espermatozoide mais apto daquela ejaculação. Da mesma forma que não existia antes dessa fusão celular, desaparecerei quando soar a hora fatal. Como meu destino nos anos que restam não será traçado por um mágico transcendental encarregado de me proteger das intempéries, tenho que estar atento ao corpo e ao espírito, não posso tratá-los com displicência preguiçosa. Não me iludo, sei que a natureza é impiedosa e que a mais indesejável das criaturas passa os dias à espreita, mas, enquanto não bate à porta, tenho pressa para ir atrás dos sonhos que ainda não realizei e para correr pelas ruas enquanto as pernas resistirem.

    Enquanto corro, penso em tudo e em nada, porque depois não lembro do que pensei. O pensamento do corredor é caleidoscópico, é ave irrequieta que, mal pousa no galho, levanta voo outra vez.

    O homem é o resultado do impacto cognitivo causado pelas ações que praticou e pelas que deixou de realizar, tanto quanto é consequência das lembranças arquivadas na memória e das que foram relegadas ao esquecimento.

    Desde que a obsessão pelo tempo e pelos recordes pessoais não domine o corredor, o desafio de cada um é encontrar a velocidade que lhe permita terminar a prova com o mínimo de sofrimento. É o confronto entre a intenção intelectual de chegar ao fim e o limite de resistência do organismo. A competição é do indivíduo consigo mesmo.

    A consciência de que não tenho muitos anos pela frente nem tempo para desperdiçar com futilidades nem interesse por pessoas que não se interessam por mim foi o maior dos benefícios que o passar dos anos me trouxe. À medida que meu horizonte encurta, aumenta a necessidade de me concentrar na busca do essencial, daquilo que me deixa mais feliz.

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