Do tornozelo para baixo
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a partir da metade do século XIX os sapateiros artesanais, que ainda dominavam a indústria de calçados, decidiram diferenciar as fôrmas para o pé direito e o esquerdo.
A ideia de sapatos como um investimento, uma moeda social, não é nova e remonta aos teatros da Grécia antiga,
Mas o que Salvatore compreendeu – para seu espanto – foi que andar descalço e andar calçado são duas funções fisicamente distintas.
Isso fez deles um acessório crucial da sexualidade feminina (ou, no mínimo, um acessório da visão masculina sobre a sexualidade feminina), e reforçou a noção de que saltos são por si só sensuais.
era o tipo de mulher que se encolhia em um canto e depois tinha que abrir caminho à força para sair de lá.
E quanto mais aqueles sapatos de salto alto eram usados em imagens hipererotizadas, mais erotizados os próprios sapatos se tornavam.
Sua convicção de que os sapatos devem ser sempre elegantes e bem conservados sugeria a noção de que calçados limpos são um sinal para a identificação da classe superior:
O salto agulha era um tipo novo de sapato justamente por ter se afastado com tanta nitidez de sua função.