Bram Stoker publicou seu romance Drácula em maio de 1897, estruturando-o como um romance epistolar, escrito a partir de uma série de cartas, relatos, diários pessoais, reportagens de jornais, registros de bordo, etc. A solução narrativa do autor foi brilhante: narrar a história a partir dos diários e memorandos de seus protagonistas, com isso as confissões e desesperos dos envolvidos na trama vão dando forma ao perigo, que só muito depois se torna completamente evidente. Ele nos apresenta também os costumes, tradições e a cultura da Inglaterra vitoriana e o a reação dos britânicos com relação ao que vem do estrangeiro, personificado através do medo arquetipiano da figura do vampiro. Nesse sentido, a realidade do racionalismo britânico entra em choque com o sobrenatural, explicitado através das figuras opostas de Drácula e de Van Helsing, ambos estrangeiros e pertencentes a sociedades estranhas aos costumes britânicos. A atmosfera gótica é o pilar do romance: a maior parte da história se passa na Inglaterra, berço da civilização industrial e para onde o Conde se dirige com o intuito secreto de conquistar o mundo, o que é apenas sublimado ao longo da narrativa. Quando o conhecimento científico encontra seu limite para lidar com os fatos, resta o conhecimento popular. É desse conhecimento que Van Helsing tira os procedimentos necessários para acabar com o vampiro. As dicotomias entre as figuras do bem e do mal são figuradas nos personagens humanos e nos vampiros. O único contato entre os universos é a sensualidade e o erotismo.
Drácula: de Bram Stoker
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