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    História da beleza no Brasil

    Por Denise Bernuzzi de Sant′Anna
    Existem 8 citações disponíveis para História da beleza no Brasil

    Sobre

    Há séculos, a beleza distingue e desperta invejas. Ela é objeto de desejo, instrumento de poder e moeda de troca em diferentes sociedades. No último século, o corpo transformou-se em algo tão importante, complexo e sensível quanto outrora fora a alma. Esta obra, que combina trabalho rigoroso e linguagem saborosa, mostra o que se faz para buscar a beleza ? e como esse conceito muda com o tempo. Desde o garbo e a elegância nos primeiros anos da República até a atual banalização das cirurgias plásticas, História da beleza no Brasil trata das transformações ligadas aos padrões estéticos e aos cuidados com o corpo, mas também do martírio causado pela feiura e da tumultuada luta para driblar o envelhecimento, a solidão e o fracasso.
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    Citações de História da beleza no Brasil

    A beleza é um trunfo de quem a possui, um objetivo dos que não se consideram belos, um instrumento de poder, uma moeda de troca em diferentes sociedades.

    O receio de ter em casa uma mãe, irmã ou filha cuja imagem lembrasse uma vadia dificultava a introdução dos produtos de embelezamento na rotina feminina.

    Misturado ao milenar sonho de rejuvenescer, o embelezamento virou uma prova de amor por si mesmo e pela vida – não somente um dever, mas um merecido prazer; não simplesmente um truque para ser amado, mas uma técnica para se sentir adequado, limpo e decente.

    A difusão das fotografias acentuou a importância da aparência física, enquanto a paulatina banalização dos espelhos fez da contemplação de si mesmo uma necessidade diária, apurando o apreço e também o desgosto pela própria silhueta.

    Interessante observar o quanto o assunto “beleza” passou a despertar maior interesse científico desde então, mas ainda era difícil admitir que o corpo da mulher pertencia em primeiro lugar a ela.

    No Rio de Janeiro, a busca por uma aparência física construída segundo a última moda deu lugar a uma espécie de febre consumista entre os mais abastados. As mulheres ricas eram aconselhadas a “utilizar os perfumes de famosos fabricantes ingleses”, assim como cremes para clarear os dentes e sabonetes para o banho.30 Este ainda podia ocorrer em bacias e tinas.31 Havia o asseio a seco, com pouca água e a ajuda de panos embebidos em fragrâncias, usando métodos hoje em desuso: o recurso ao fumo de corda esfregado na gengiva e nos dentes para garantir beleza e asseio bucal; aguardente para desinfetar e limpar a boca; “vinagreiras”, ou seja, banhos com água misturada ao vinagre, água de rosas ou infusões feitas com ervas.32 O uso dos penicos não desapareceu repentinamente e foi preciso um certo tempo para que o ato de urinar dentro deles, nos quartos e, muitas vezes, na presença de outros membros da família, se tornasse intolerável.

    Mas a diversidade nos cuidados com a aparência física imperava. É ilustrativo, a esse respeito, lembrar de costumes considerados inglórios ou típicos de alguns grupos sociais. A tatuagem, por exemplo, era comum entre as prostitutas cariocas. Segundo João do Rio, algumas pintavam sobre a face um sinal azul, uma pinta, uma “pacholice”. Outras tatuavam um coração com o nome do amante em alguma parte do corpo. Caso uma delas ficasse zangada com o amado, o nome deste podia ser tatuado na sola de um dos pés.33 Aos olhos do cronista, o Rio de Janeiro guardava seus segredos, perigos e flores raras. Talvez as mulheres com faces cobertas de pó branco, adornadas com pesados chapéus e mantendo o ventre envolto por apertados espartilhos não fossem menos exóticas do que as mulheres pobres tatuadas.

    A elegância contava com acessórios hoje pouco comuns: nos jornais, não era raro encontrar notícias de leques perdidos, seguidas da promessa de excelentes gratificações para quem os encontrasse. Saber usar um leque implicava conhecer os significados e os poderes dos gestos de abri-los e fechá-los. Havia significados distintos para leques fechados, abanados rapidamente ou lentamente. Equipamento essencial ao flerte, o seu desuso representou o esquecimento de um meio de comunicação importante no espaço público, além do abandono de gestos relacionados ao pudor e à sedução, característicos de um tempo que não é mais o nosso.

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