Impacto do trauma e dissociação da consciência na personalidade múltipla

A Personalidade Múltipla, um transtorno mental de difícil diagnóstico devido à sintomatologia diversificada e à sua forte comorbidade, atualmente catalogada como Transtorno Dissociativo de Identidade ou Dissociative Identity Disorder (DID), anteriormente denominada Multiple Personality Disorder (MPD), somente se tornou um diagnóstico oficial da Associação Americana de Psiquiatria em 1980. Para a identificação desse distúrbio dissociativo, existem critérios específicos definidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR, 2003) e registro na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10, 1993). No âmago das características da síndrome, encontram-se as chamadas personalidades alternativas, múltiplas ou alters. Atualmente, explicações etiológicas focalizam questões traumáticas severas, sempre presentes no transtorno a partir do período infantil, como sendo o principal fator desencadeador da dissociação anormal da consciência, um mecanismo de defesa resultante de agressões e abusos, responsável pelo encadeamento das emersões-imersões das múltiplas personalidades.