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    Joaquina

    Por Francisco Brito

    Sobre

    Joaquina trazia segredos ocultados num canto da sua memória. Vez por outra, ela tinha verdadeiros pesadelos, em vez de sonhos. Ela queria gritar para ser acordada, mas ninguém a ouvia e ela tinha que vivenciar cada uma daquelas tragédias atormentadoras em seus pesadelos. Eram as suas memórias de vidas passadas reveladas em seus sonhos. Ela não ousava contar a ninguém o que ela tinha sonhado. Ninguém ia acreditar nas suas histórias que mais pareciam lendas. Ela via criaturas de seu convívio nas suas várias vidas passadas. Ela não seria louca de contar seus pesadelos, todos iam considerá-la uma louca. O pior que quando ela acordava e se livrava daqueles pesadelos, ela se lembrava de todos os detalhes daqueles sonhos, ou melhor, daqueles pesadelos. Embora ela não fosse o tipo de pessoa capaz de se impressionar, ela achava tudo aquilo muito tenebroso. Ela precisava se esforçar muito para não ter medo de dormir, porque ela sabia que bastaria ela pegar no sono, aquelas criaturas excepcionais vinham e transformavam seus sonhos em verdadeiros pesadelos. E pela manhã ela se sentia levemente assustada, como se ela tivesse saído de uma cena de horror. Quando em seus sonhos ela se via feliz, a sua felicidade revelada era desconexa da sua realidade. Logo ela via a sua felicidade descer na mais profunda tristeza, o seu amor morria e ela se vestia de luto. Era a dor da viuvez revelada em seus sonhos sobre este ou aquele marido que havia morrido, deixando-a viúva. Por mais que ela tentasse impedir de sonhar, os sonhos vinham em forma de um manto que a tornava imóvel e a impedia de ela acordar. Ela tentava gritar o mais alto que pudesse, mas a voz era impedida de sair pela sua boca. Mas naquela manhã o sonho veio com clareza, e ela se permitiu receber aquele sonho sobre aquela tragédia com o barco de seu marido que tinha saído para pescar em alto mar. No sonho ela viu aquele homem, o qual era o seu marido, que ao sair de barco para pescar, ele não resistiu a força do ciclone tropical que varreu os mares de Santa Catarina, deixando-a viúva. Por mais que fosse triste a sua alma, Joaquina tinha que resistir à tristeza revelada naquele sonho e deixar a sua memória revelar todo sofrimento que ela tinha passado em cada uma das vidas que ela havia vivido. Talvez fosse o seu único jeito de encarar a tristeza que saía de sua memória. Por mais tristeza em sua alma, Joaquina sabia que precisava apagar de sua memória todas as lembranças de suas vidas passadas. Quando ela morreu naquele desastre do avião e seu corpo fora carbonizado, ela sabia que a maldição da viuvez tinha acabado. Ela podia ter nova vida e conhecer o seu grande amor que tinha naufragado e sido devorado por tubarões quando ele tentava se salvar, montado nas costas de um companheiro morto que ela usava como bote salva-vidas. Viver era um desafio. Ela queria encarar novo desafio, assumindo um novo viver como mulher para encontrar o seu grande amor, a sua alma gêmea, que havia reencarnado com a missão de encontrá-la. Era a sua chance de encontrar novamente a felicidade nos braços de seu grande amor. Ela ia ter nova chance de nascer, crescer e encontrar Aristides em nova vida como Alexandre. Afinal, somente as pessoas felizes vivem mais e melhor. Joaquina sempre acreditou no amor. Ela sabia que a maldição do bruxo Semeão tinha se extinguido quando o seu corpo foi carbonizado. Ela estava livre para viver e encontrar o seu verdadeiro amor e poder procriar.
    Por mais que ela viesse passar por alguns tropeços, ela ia superar as dificuldades e ficar definitivamente com a sua alma gêmea. Ela só precisava coragem e habilidades para vencer todos os percalços que ela ia ter que vencer. Ela sabia que se quisesse colher as flores do jardim, ela teria regá-las e cuidar para que as ervas daninhas fossem retiradas do jardim. Ela sabia que se não tivesse amado tanto assim ao Aristides, talvez, ela não tivesse voltado tantas vezes ao mesmo mar nem existiria tantas flores dentro dela por onde ela viera.
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