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    Maquiavel, ou a confusão demoníaca

    Por Olavo de Carvalho
    Existem 10 citações disponíveis para Maquiavel, ou a confusão demoníaca

    Sobre

    Dos pensadores modernos mais célebres, Nicolau Maquiavel é talvez o primeiro a entregar ao público uma doutrina tão desencontrada e confusa. Tão desencontrada e tão confusa que um de seus melhores intérpretes, Benedetto Croce, resumiu quatro séculos de investigações com a conclusão desencantada de que o pensador florentino é ?um enigma que jamais será resolvido?. Depois de Croce, outros estudiosos de primeira ordem, como Leo Strauss, Quentin Skinner, Hans Baron e Maurizio Viroli acreditaram poder resolver o enigma porém as soluções que lhe ofereceram divergiam tanto umas das outras que só conseguiram multiplicá-lo.Evidentemente que Olavo de Carvalho não pretende ter mais sorte do que esses seus ilustres antecessores. Mas o seu objetivo não é compreendê-lo, torná-lo mais inteligível. É traçar da maneira mais precisa possível o perfil da sua ininteligibilidade, porque esta se incorporou de tal modo a cinco séculos de discussão filosófica e política no Ocidente, que não há exagero em considerá-la uma das constantes da modernidade.
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    Citações de Maquiavel, ou a confusão demoníaca

    Maquiavel acredita no livre-arbítrio, e apela aos homens para que o usem voluntariamente contra Deus.

    Os resultados da aplicação desse “mínimo de prudência” aos escritos de Maquiavel são assustadores: o imoralismo superficial dos conselhos dados ao Príncipe, amortecido por sua vez sob uma camada de exortações aparentemente moralizantes, é apenas uma fachada destinada a encobrir um ataque muito mais fundo à religião, concebido de modo a envolver o leitor num raciocínio blasfematório sem que ele se dê conta da culpa que passa a compartilhar com o autor ao seguir seus raciocínios.

    A este deslocamento entre o eixo da construção teórica e o eixo da experiência vivida denomino paralaxe cognitiva, outra característica permanente do pensamento moderno.

    Não creio em nada do que digo e não digo nada que creio – e, quando descubro algum miúdo fragmento da verdade, trato de escondê-lo sob tamanha montanha de mentiras que se torna impossível encontrá-lo.

    Sua interpretação do passado é pré-moldada pela sua antevisão do futuro.

    conduzir as massas à obediência por meio da utilização maquiavélica de crenças ilusórias.

    “reconhecer o caráter demoníaco do pensamento de Maquiavel é reconhecer que ele pertence a uma nobreza pervertida de nível muito alto.”

    A obra de Maquiavel abunda de erros grosseiros de toda sorte: citações truncadas, referências erradas a nomes ou acontecimentos, generalizações abusivas, omissões inadmissívels, etc. O mínimo de prudência necessário seria ‘crer’ numa intenção dissimulada por trás desses erros e buscar a cada vez o sentido oculto.

    Friedrich Nietzsche, por sua vez, enxerga em Maquiavel um precursor das suas próprias idéias sobre a influência dissolvente da ética cristã, responsável, segundo ambos, pela “degenerescência” dos povos europeus.23

    Claramente a concepção maquiavélica de governo, com a profecia do advento do Príncipe-reformador, estava pronta e acabada no instante em que seu autor criou, retroativamente, uma interpretação global da História para justificá-la. Sua interpretação do passado é pré-moldada pela sua antevisão do futuro. Essa curiosa inversão da estrutura do tempo repete-se, quase invariavelmente, em todos os pensadores que marcaram o ciclo moderno: Hobbes, Locke, Kant, Hegel, Augusto Comte, Karl Marx e até mesmo Nietzsche. Com a maior sem-cerimônia, cada um deles acredita ter vislumbrado o futuro e o toma como premissa para explicar o passado. É

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