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    Os Filhos de Lobato

    Por Penteado, José Roberto Whitaker

    Sobre

    Os filhos de Lobato ? o imaginário infantil na ideologia do adulto, de J. Roberto Whitaker Penteado (332 pp.), é um livro instigante. Pois leva os estudos sobre o maior autor brasileiro de literatura infantil para uma nova direção e um novo patamar. E no caminho, amplia a percepção da presença, da influência e da importância de Lobato em particular e da literatura infantil em geral. O livro agora reeditado é apresentado por uma das maiores sucessoras de Lobato, Ana Maria Machado, e tem prefácios do historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho e de Muniz Sodré de Araujo Cabral.
    Há muito se sabe que a literatura infantil é coisa séria. No século XIX, na Europa, os contos de fadas foram uma das principais fontes do resgate romântico das tradições nacionais, com destaque para o estudo dos contos populares feito pelos irmãos Grimm na Alemanha. No Brasil, o trabalho de fundir o imaginário popular, com histórias infantis e a formação nacional se deu mais tarde, no início do século XX, e teve como figura principal Monteiro Lobato.
    Lobato não começou, porém, como escritor infantil. Foi, antes, jornalista, ativista (iniciador da campanha ?O petróleo é nosso?, que resultaria na criação da Petrobrás), empresário, editor e escritor de livros adultos. Decidiu escrever para crianças para manter o mesmo ímpeto com outro (público) alvo: ?Lobato confessou que decidira concentrar seus esforços na literatura infantil com o objetivo de influenciar as mentes da nova geração, uma vez que a ?velha? não tinha jeito? (Murilo de Carvalho). A ideia básica deste livro é, justamente, responder a esta pergunta: ele conseguiu? Se sim, foi da forma como pretendia? Se não, de que forma?
    O autor não partiu, no entanto, desse desejo de Lobato, mas de trás para frente, digamos, a partir de sua própria experiência pessoal. No centenário de Lobato, em 1982, o autor publicou um artigo chamado ?Os filhos de Lobato?, no qual descrevia ?a importância que a leitura daqueles livros infantis havia representado para mim, mesmo depois de adulto?. O artigo teve repercussão, e instilou no autor o desejo de estender e aprofundar as ideias e hipóteses ali apresentadas, generalizando-as para sua geração (nascida nos anos 1940) e para a seguinte. O resultado é este livro homônimo.
    Um livro baseado em um largo e sólido tripé: toda uma tradição de estudos psicológicos, literários e culturais, que vão de Freud e Benjamim a Betelheim, entre outros; a análise da vida e das ideias de Lobato e de sua obra; e entrevistas feitas com adultos nascidos nos anos 1940 e 1950, ou seja, no auge da enorme popularidade de Lobato, num tempo em que sua obra não tinha a concorrência da TV e dos meios eletrônicos.
    Se Lobato tinha posições ideológicas claras (como o nacionalismo) e ideias típicas de seu tempo, tinha ainda mais claras suas convicções de escritor ? além de seu enorme talento. Daí que em seus livros a arte narrativa e a imaginação se sobrepõem às teses, e podem encantar e convencer tanto seus tantos pequenos leitores, marcando-os por toda a vida, como demonstra este livro. Mas marcando-os como? E convencê-los do que, afinal? As respostas são sutis e complexas ? além de serem a razão do livro. Na síntese de Ana Maria Machado, ?com Lobato formamos nossas noções de independência e fraternidade, nosso pacifismo, nossa recusa ao fanatismo, nosso entendimento ecológico de que queimadas são um horror, [...] que a ignorância é a mãe de medos e males, que fora da educação não há salvação, que sem livros não se faz um país, [...] que as crianças não precisam ser sempre boazinhas e podem recusar os conselhos e exemplos hipócritas que os adultos lhes apresentam, [mas] que existem valores a ser respeitados, que o humanismo é uma exigência da civilização e que cada um é responsável por seus juízos e ações?). Ufa, como diria a Emília.
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