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    Todo aquele jazz

    Por Geoff Dyer
    Existem 14 citações disponíveis para Todo aquele jazz

    Sobre

    Numa prosa ensaística que mescla fato e imaginação, Geoff Dyer reconta histórias de lendas do jazz e se mostra um virtuose da escrita.


    Loucos, autodestrutivos, viciados, incompreendidos. Muitos dos maiores músicos de jazz da história receberam ao menos um desses epítetos, como nos mostra Geoff Dyer em Todo aquele jazz. O livro apresenta uma mescla entre ensaio e ficção, criando um romance fragmentado a partir de muita pesquisa histórica.

    Com um olhar afiado, o autor descreve de forma minuciosa os movimentos e descaminhos de artistas como Chet Baker, Duke Ellington, Art Pepper e Thelonious Monk. São gênios retratados em situações-limite, momentos de ruptura, como aquele em que Chet discute com um traficante, ou os devaneios de Art Pepper na cadeia. Dyer se deixa contagiar pelo improviso jazzístico ao compor sua obra, avançando de forma errática pelas tramas que cria, movido pelo sentimento e pelo instinto. Adotando um ponto de vista bastante pessoal e subjetivo, aproxima o leitor dessas figuras míticas da música norte-americana que fizeram a história não apenas do jazz, mas dos Estados Unidos, ao redefinir o espaço do negro em um ambiente dominado pelo racismo. Afinal, segundo Ornette Coleman, ?as melhores declarações dos negros a respeito de sua alma foram feitas no saxofone tenor?.

    Todo aquele jazz, ao abordar o gênero de uma perspectiva intimista, não apenas oferece um novo olhar para os entusiastas da música de Monk, Mingus e Ellington, mas serve de guia para novatos que se interessam pelo som que parece exigir tanto de seus intérpretes a ponto de consumi-los por completo.


    ?Talvez o melhor livro já escrito sobre jazz.? - Los Angeles Times

    ?O único livro de jazz que recomendo aos meus amigos.? - Keith Jarrett

    ?Um livro engenhoso escrito de forma brilhante.? - New York Times

    ?Todo aquele jazz é um tributo comovente e original à música negra norte-americana.? - Bryan Ferry

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    Citações de Todo aquele jazz

    Para Mingus não existia incoerência: qualquer coisa que ele fizesse ou dissesse ganhava automaticamente solidez e coerência.

    em que o único desejo de todo solteiro é que houvesse alguém que o amasse, que pensasse nele, ainda que estivesse do outro lado do mundo.

    Em geral, quem toma contato com o jazz começa com algum disco (Kind of Blue é um ponto de partida frequente, mas para muitas pessoas será, cada vez mais, John Zorn ou Courtney Pine)

    Diziam que ele era uma coisa fora do comum — como se o comum fosse algo minúsculo e frágil, um paletó muito apertado, prestes a se romper a cada movimento seu. Mingus, Mingus, Mingus

    Thelonious Monk: Straight No Chaser — o melhor filme sobre um músico de jazz que já vi.

    Sua fúria nunca o abandonava. Mesmo quando ele se acalmava, a lâmpada piloto de seu furor continuava a piscar, mostrando que poderia entrar em erupção a qualquer instante. Mesmo quando estava sereno, alguma parte de sua cabeça gritava. Ele não sabia por que era como era, mas sabia que tinha de ser desse jeito e de nenhum outro. Sua fúria era uma forma de energia, parte do fogo que o consumia. Por isso ele crescia sem parar, para tentar acomodar tudo o que acontecia dentro dele — mas ele teria de ser do tamanho de um edifício para conter a si mesmo. Ele era como um país onde a temperatura muda de repente, com segundos de intervalo — só que tudo o que ocorre é de rachar: frio de rachar, calor de rachar, chuva de rachar, nevasca de rachar.

    sinais de trânsito que demoravam a abrir.

    Seu corpo tinha uma meteorologia própria e mudava de forma em meses, pois ele ganhava 25 quilos num abrir e fechar de olhos e depois os perdia com a mesma rapidez. Às vezes ele estava gordo, às vezes apenas corpulento, mas em geral ele crescia, com seu corpo assumindo a forma de um pulôver velho.

    Ou pode-se ver isso de outra forma. Se Monk tivesse construído uma ponte, teria eliminado os elementos considerados essenciais, até só restarem as partes decorativas, mas de alguma forma ele teria feito a ornamentação absorver as vigas de sustentação, de modo que era como se tudo estivesse construído em torno do que não estava presente. A ponte não deveria se sustentar, mas se sustentava, e o encanto vinha do fato de dar a impressão de que poderia ruir a qualquer momento, da mesma maneira que a música de Monk sempre parecia ameaçada de desmoronar.

    Tentava dietas e comprimidos, mas, como rotina,

    Era como assistir ao trabalho de um ginasta e aceitar tanta agilidade e resistência como naturais até que uma fração de erro o faz estatelar-se no chão. Só então se percebia até que ponto ele fizera o quase impossível parecer corriqueiro — e que é o tombo, e não a série perfeita, que expressa a verdade, a essência do esporte. Essa é a lembrança que permanece para sempre. Já é tarde, Bud, o disco chegou ao fim, as velas se embebedaram e apagaram. Daqui a pouco estará claro. Estou cansado, mas você fica sentado aí como se o tempo não existisse. Você está cansado? Cansou-se de me escutar? Bud? Você ao menos ouviu o que eu disse? Alguma coisa foi como eu falei, ao menos uma parte foi assim como imaginei? Talvez esteja tudo errado, mas eu tentei. Eu queria escutar a sua história, Bud, não contá-la, e, se isso não fosse possível, queria contá-la como você gostaria que ela fosse contada. Eu não tinha muito em que me basear. Estive com pessoas que tocaram com você, com pessoas que tocaram com

    Essa era a grande diferença: as extravagâncias são sempre iguais a si mesmas, não se arriscam a ser mais que extravagâncias. E Monk sempre arriscava, e suas apostas eram altas. Ele corria riscos, e não há riscos na extravagância. As pessoas pensam que para ser extravagantes basta fazer o que quiserem, mas Monk ia muito além disso. Fazia tudo o que queria e elevou essa atitude ao nível de um princípio fundamental, com suas próprias exigências e sua própria lógica.

    Toda forma de arte é também uma forma de crítica. Isso ocorre com a máxima clareza quando um escritor ou compositor cita ou reelabora material de outro escritor ou compositor. Toda obra literária, musical e visual “encarna uma reflexão expositiva ou um juízo de valor em relação à tradição e ao contexto a que pertence”

    Queria que a música fosse como o sol para um cego, ou como uma refeição devorada quando se tem fome, algo imediato e instintivo, básico.

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