Vidas desperdiçadas
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A modernidade é uma condição da produção compulsiva e viciosa de projetos.
Quando se trata de projetar as formas do convívio humano, o refugo são seres humanos.
“Superpopulação” é uma ficção atuarial: um codinome para a aparição de um número de pessoas que, em vez de ajudarem a economia a funcionar com tranqüilidade, tornam muito mais difícil a obtenção, para não falar na elevação, dos índices pelos quais se mede e avalia o funcionamento adequado.
Os problemas de hoje mudaram: são relacionados aos objetivos, e não limitados pelos meios.
Durante a maior parte da história moderna, contudo, partes imensas do planeta (“atrasadas” , “subdesenvolvidas” , quando avaliadas segundo as ambições do setor do planeta já moderno, quer dizer, obsessivamente modernizante) permaneceram total ou parcialmente inatingidas pelas pressões modernizadoras, escapando dessa forma de seu efeito “superpopulacional” . Confrontadas com os nichos modernizantes do globo, essas partes (“pré-modernas” , “subdesenvolvidas” ) tendiam a ser vistas e tratadas como terras capazes de absorver os excessos populacionais dos “países desenvolvidos” – destinos naturais para a exportação de “pessoas redundantes” e aterros sanitários óbvios e prontos a serem utilizados para o despejo do refugo humano da modernização. A remoção desse refugo produzido nas partes “modernizadas” e em “modernização” do globo foi o mais profundo significado da colonização e das conquistas imperialistas – ambas tornadas possíveis, e de fato inevitáveis, pelo poder diferencial continuamente reproduzido pela completa desigualdade de “desenvolvimento” (de maneira eufemística, chamada de “atraso cultural” ), resultante, por sua vez, do confinamento do modo de vida moderno a uma parte “privilegiada” do planeta. Essa desigualdade permitiu à parte moderna do globo buscar – e encontrar – soluções globais para problemas de superpopulação produzidos localmente.
Os Estados-nações atuais podem não mais governar o esboço do plano, nem exercer o direito de propriedade de utere et abutere (usar e abusar) dos sítios de construção da ordem, mas ainda afirmam sua prerrogativa essencial de soberania básica: o direito de excluir.